quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A música na Bíblia

A música ocupa um lugar importante na cultura do antigo Oriente Médio. Os soldados se preparavam entoando canções sobre vitórias heróicas passadas, e as mulheres davam as boas vindas aos guerreiros “cantando, e dançando, em testemunho de alegria, ao som de tambores, e de sistros” (I Sm 18:.6). Os trabalhadores cantavam enquanto trabalhavam e os peregrinos cantavam em suas viagens. Os enamorados expressavam seus desejos em canções. E, por fim, os profetas algumas vezes eram embalados em um transe pela sonoridade dos acordes de instrumentos: “E quando este cantava ao som da harpa, foi a mão do Senhor sobre Eliseu” (II Rs 3:15).

Jubal, um descendente de Caim, é identificado como o “pai dos que tocam cítara e orgão” (Gn.4:21). Mas foi o lirísta Davi quem impulsionou a música para o primeiro plano da religião dos israelitas. Embora a construção do templo tenha sido deixada por seu filho Salomão, Davi organizou a equipe do templo, estabelecendo coros de levitas acompanhados por músicos tocando címbalos, harpas, liras e trompetes.
Um diretor profissional de música liderou esses coros e instrumentistas, que a cada dia enchiam os pátios do templo com canções de louvor e arrependimento e davam as boas vindas na chegada dos peregrinos para os festivais anuais.

Durante as orações, por vezes os coros cantavam antífonas com um grupo respondendo ao outro, ou com todo o grupo respondendo a um solista ou à congregação. Alguns hinos foram arranjados para determinados instrumentos: o salmo 5, uma súplica pela libertação do julgo dos inimigos pessoais, era acompanhado pelas notas lamuriosas da flauta; o salmo 6, uma oração urgente para a recuperação de uma enfermidade, pelos acordes suaves das cordas (Heb., Sheminith, [baixo] oitava; referência presente em I Cr 15:20,21).

A Bíblia cita cerca de vinte instrumentos, mas a tradução precisa é normalmente uma suposição de palavras relacionadas em outras línguas. Os instrumentos podem ser divididos em três categorias: cordas, sopros e percussão. As cordas incluem a Harpa, a lira e o alaúde; os sopros eram gaitas, flautas, um trompete de metal com quatro ou cinco notas, e as cornetas com duas ou três notas; os instrumentos de percussão ou ritmos são os tamborins, os sinos e os címbalos. Nenhuma notação musical resistiu aos tempos bíblicos, mas as escalas que conhecemos já estavam disponíveis naquela época.

Referências:
(KEYES, Nelson Beecher; BÍBLICO, História Ilustrada do Mundo; Ed. Reader's Digest; 1962; Tradução João Távora; 208 pgs.)
(THOMPSON, Bíblia de referência; Ed. Vida; Deerfield, Flórida – EUA; 1995; pg 1397)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

I'm Broken (Pantera)

Gostaria apenas de falar sobre esse Riff, que é o preferido de grandes músicos e pessoas que conheço em relação a essa banda fantástica, musicalmente, que acabou de modo definitivo com a morte de Dimebag Darrel, guitarrista e criador de praticamente todas as harmonias da banda, numa morte trágica ocorrida em 2004. (Dimebag foi assassinado em pleno palco, tocando com a sua, então, banda "Damage Plan", por um fanático inconformado com o fim do Pantera.
Está em Cm, e basicamente é um riff sobre uma pentatônica menor de C. A característica blue note está presente e o groove é indescritivelmente matador, faz você balançar a cabeça de modo involuntário.
Além disso, a sonoridade da bateria triggada de Vinnie Paul e os vocais de Phil Anselmo, insuperável, são o casamento perfeito com esse riff, criado pelo guitarrista mais original da história do heavy metal que já existiu.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bends do Vaughan



Assisti o DVD "Steve Ray Vaughan live at Mocambo" hoje 11/13/10 e fui impactado por uma das apresentações mais vicerais e incríveis desse Mago das seis cordas.
Steve Ray Vaughan está "incansável" neste show, de modo que não há praticamente um intervalo sequer, entre uma música e outra.

A minha "audiovisualização" nessa tarde de hoje (que na verdade foram duas, uma antes de ir para a faculdade, que foram umas 5 músicas apenas, e outra agora à noite literalmente eu assisti de pé, do início ao fim. Decidi escrever um comentário sobre este DVD afim de levar outros a conhecerem esse mestre.

Começando pela qualidade do áudio, que é muito boa, apesar de o lugar ser pequeno e privilegiar os graves, além do fato de que Vaughan desse o braço sem dó na guitarra "descomposturadamente". Nota 10 para o áudio, que é muito nítido em todos os aspectos. O timbre de sua Strato é forte e cremoso, com uma pitada leve e seca de drive na SRV e na Fender vermelha de escala branca um clean de singles meio slepados...que são bálsamo nas baladas.

Eu ganhei esse DVD como presente de um grande amigo, o Ranulfo, e o comentário que ele me fez foi: "dizem que esse é o melhor show gravado dele", com certeza ele, pelo menos, não exagerou. Vaughan, simplesmente destrói uma Fender Strato no final da apresentação, mas o ponto alto são todos os bends e fraseados de "penta" perfeitos de Vaughan neste show, inclusive os que o Guitar Hero toca com a guitarra nas costas e no ombro que são impecáveis. Vale citar o fato de que Vaughan usa uma ação (grossura da corda) pesadíssima.
Live at Mocambo é um daqueles shows que inspiram novos músicos e são referência para os já iniciados.
Um grande espetáculo de Blues.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pensando em Ritmo

Ritmo é direção. O ritmo diz: "Eu estou aqui e quero ir para lá".
Originalmente, "ritmo" e "rio" estavam etimologicamente relacionados, sugerindo mais o movimento de um trecho  do que sua divisão em articulações.
"Ritmo é forma moldada no tempo como o desenho é espaço determinado" (Ezra Pound)
Rapidamente, falando sobre isso, gostaria de deixar registrado que é sempre um crescimento para nós quando além de aprender, vivenciando a presença de outras pessoas que sempre nos oferecem novas perspectivas com suas experiências, começamos a desconstruir um castelo de idéias a muito tempo consolidadas dentro de nós.
Pensando nesta propriedade, é muito claro o quanto somos aprisionados pelo conceito ocidental de ritmo.
Pensando no nosso "aprendizado de cada dia", como instrumentistas, como é difícil apreender o espírito (entenda-se vocabulário ritmico) do samba, do jazz, e outros estilos populares cujo ritmo é uma assinatura, posto que não nascemos nem no morro, nem em new orleans todo dia.
Pode haver ritmos regulares e ritmos nervosos, irregulares. O fato de serem ou não regulares nada tem haver com sua beleza.
Um ritmo regular sugere divisões cronológicas do tempo real - tempo do relógio (tique-taque). Este vive uma existência mecânica.
Um ritmo irregular espicha ou comprime o tempo real, dando-nos o que podemos chamar de tempo virtual ou psicológico.
Nós não temos muita polirritmia na música ocidental, porque somos facinados pelo tique-taque do relógio mecânico. É possível que as sociedades que manifestam maior aptidão rítmica (africanos, árabes, asiáticos) sejam precisamente aquelas que tem estado fora do toque do relógio mecânico.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

TENTANDO DISCERNIR UM POUCO

Todas as pessoas tem um tipo de música favorito e provavelmente repudiam violentamente os outros; não quero dizer músicas individuais, mas categorias de música - como música de câmara, rock ou jazz. Fiz um teste com um grupo de amigos (da Vila Clementino) em uma atividade em grupo. A reflexão foi extraída do livro: "O ouvido pensante" Murray Schafer.

Pedi que enumerassem seus tipos de música preferidos e os não preferidos enquanto eu os escrevia. Rotulei-os como "aceitos" e "não aceitos".

A seguir transcrevo trecho do livro para apreciação e reflexão:
As respostas são dadas e copiadas. Depois de alguns momentos o quadro fica assim:

MÚSICA ACEITA                                            NÃO ACEITA
Jazz                                                                    Música Folclórica
Música Popular                                                  Ópera
Música de Câmara                                             Jazz
Ópera                                                                Música Moderna e
Música Country e do Oeste                                Eletrônica
Música de Banda                                               Música Sinfônica
Musicais                                                            Música Country


SCHAFER:— Vejo um bom número de categorias em ambas as colunas. O que vocês acham que indica?
ALUNO: — Mostra que as pessoas tem gostos musicais diferentes.
SCHAFER: — Você acha que isso é bom ou mal?
ALUNO: — Eu acho que é bom, porque mostra que há muitas personalidades diferentes e um tipo especial de músicas para cada uma.
SCHAFER: — Você quer dizer que as pessoas gostam apenas do tipo de música que reflete sua própria personalidade? Você gosta só de um gênero?
ALUNO: — Eu gosto de Country e do Oeste.
SCHAFER: — Só?
ALUNO: — Também de música de banda.
SCHAFER: — para toda a classe. Quantos de vocês gostam apenas de um gênero de música da nossa lista? Mãos? Ninguém se manifesta. Mais de um? Todas as mãos são levantadas, agora, deixem-me fazer uma comparação por um momento.


Quantas religiões temos representadas aqui nesta classe?


Descobre-se que há um número de alunos de várias seitas protestantes e outros de religião judaica. Deixem-me perguntar: quantos de vocês pertencem a mais do que um desses grupos mencionados? Ninguém levanta a mão. Cada um escolhe somente uma religião. Todavia, ninguém de vocês restringe seu interesse musical a um gênero apenas. É claro, então, que você pode gostar de mais de um gênero musical, sem ter uma crise de consciência por isso. Essa é uma distinção muito importante entre o julgamento de uma manifestação artística e de outro tipo de atividade intelectual. Com a religião — e o mesmo é verdadeiro para política ou filosofia —, você aceita um sistema que lhe parece o mais razoável, porém, fazendo isso, automaticamente nega todos os outros. Não é possível alguém ser comunista e capitalista ao mesmo tempo, assim como ninguém é judeu e mulçumano. Mas a apreciação artística não é assim; ela é um processo acumulativo; você descobre novos pontos de interesse, porém isso não quer dizer que precise negar o que gostava antes.

Alguém pode confirmar esta observação pela experiência pessoal?



NOVAS DESCOBERTAS

Certos gêneros de música parecem ser representativos de certas classes de pessoas; mas isso é uma generalização extrema.

Música é uma arte abstrata, porém temos uma tendência para associar certas manifestações artísticas a certas pessoas ou grupos de pessoas, e isso, sem dúvida, afeta a nossa apreciação. A pergunta que cabe seria: Seria possível dissociar a música dos seres humanos e apreciá-la assepticamente em sua forma pura?

Talvez possa não ser inteiramente possível.

No entanto, as vezes é necessário experimentar e ver por esse lado os nossos gostos musicais e desenvolvê-los para mudá-los. Em outras palavras, deixar a música falar por si mesma, não por associações. Música não é propriedade privada de certas pessoas ou grupos. Potencialmente, todas as músicas foram escritas para todas as pessoas.
Então, uma orientação sábia, na minha opinião seria: seja curioso em relação à música. Não se contente em ficar só nas suas preferências musicais, pois, como foi dito pouco antes, ninguém estará traindoseu velhos hábitos pela aquisição de novos. Este horizonte pode seguir se expandindo; em toda a sua vida haverá coisas novas a descobrir.

Certamente não se está dizendo que se deve gostar de tudo o que se ouve ou o que se vê. Somete um tolo faria isso. Estou dizendo que quem quiser descobrir música interessante terá que procurar e achar.

É a mesma coisa que ir a biblioteca. Você pode examinar vinte livros antes de achar aquele que quer ler, mas, se não tivesse passado por todos aqueles, não chegaria ao que procurava. E o mais estranho, é que o livro escolhido este ano não vai ser necessariamente o mesmo que iremos escolher no próximo. O tempo realmente nos força a adquirir novos gostos. Não vamos ler só quadrinhos a vida toda.

O que vcs acham de uma pessoa que lê quadrinhos aos 40 anos?
Alguém diria que é um caso de desenvolvimento retardado...rs
Alguém que segue a vida inteira só gostando de um gênero de música, sem desenvolver novos interesses, também é um caso de retardamento.

(Para os meus amigos da Vila Clementino, o conceito que eu não conseguia me lembrar): Uma vez, alguém disse que as duas coisas mais importantes para desenvolver o gosto são: sensibilidade e inteligência. A curiosidade e a coragem são conceitos mais verdadeiros. Curiosodade para procurar o novo e o escondido, coragem para desenvolver seus próprios gostos sem considerar o que os outros podem pensar ou dizer. Quem se arrisca a ser ridicularizado pelos seus gostos individuais em música (e isso vai acontecer) demonstra coragem.
Em uma sociedade caminhando para o convencional e uniforme, é realmente corajoso descobrir que você é um indivíduo com uma mente e gostos individuais em arte. Ouvir música cuidadosamente vai ajudá-lo a descobrir como você é único.

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Olá, este blog, está sendo criado para que possamos juntos refletir acerca de música, metodologia de estudos, idéias, sonhos e utopias...

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Os objetivos aqui são diversos, com o propósito de edificação mútua.

Até mais. Beijos e Abraços.

Ame teu próximo.

IG