quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pensando em Ritmo

Ritmo é direção. O ritmo diz: "Eu estou aqui e quero ir para lá".
Originalmente, "ritmo" e "rio" estavam etimologicamente relacionados, sugerindo mais o movimento de um trecho  do que sua divisão em articulações.
"Ritmo é forma moldada no tempo como o desenho é espaço determinado" (Ezra Pound)
Rapidamente, falando sobre isso, gostaria de deixar registrado que é sempre um crescimento para nós quando além de aprender, vivenciando a presença de outras pessoas que sempre nos oferecem novas perspectivas com suas experiências, começamos a desconstruir um castelo de idéias a muito tempo consolidadas dentro de nós.
Pensando nesta propriedade, é muito claro o quanto somos aprisionados pelo conceito ocidental de ritmo.
Pensando no nosso "aprendizado de cada dia", como instrumentistas, como é difícil apreender o espírito (entenda-se vocabulário ritmico) do samba, do jazz, e outros estilos populares cujo ritmo é uma assinatura, posto que não nascemos nem no morro, nem em new orleans todo dia.
Pode haver ritmos regulares e ritmos nervosos, irregulares. O fato de serem ou não regulares nada tem haver com sua beleza.
Um ritmo regular sugere divisões cronológicas do tempo real - tempo do relógio (tique-taque). Este vive uma existência mecânica.
Um ritmo irregular espicha ou comprime o tempo real, dando-nos o que podemos chamar de tempo virtual ou psicológico.
Nós não temos muita polirritmia na música ocidental, porque somos facinados pelo tique-taque do relógio mecânico. É possível que as sociedades que manifestam maior aptidão rítmica (africanos, árabes, asiáticos) sejam precisamente aquelas que tem estado fora do toque do relógio mecânico.